Atividade física e a pandemia

Atividade física e a pandemia

Em todo o mundo, um em cada cinco adultos e quatro em cada cinco adolescentes (com idade entre 11 e 17 anos) não praticam atividade física suficiente. Alguns grupos populacionais têm menos oportunidades de terem uma vida mais ativa, entre eles meninas, mulheres, pessoas idosas, com menos recursos financeiros, com deficiências e doenças crônicas, populações marginalizadas e povos indígenas.

Por conta da pandemia do novo coronavírus e a recomendação para se ficar em casa, favorecendo ao distanciamento social e, assim, evitar maior disseminação dos casos, é fundamental que as pessoas mantenham – ou criem – uma rotina fisicamente ativa. O sedentarismo é prejudicial para o sistema imune, fundamental para reduzir a possibilidade de infecção viral.

Ficar “parado” e se alimentando inadequadamente também favorece o ganho de peso, o aumento da pressão arterial, da glicose e de lipídeos no sangue, o que aumenta o risco de doenças cardiovasculares e metabólicas, que associadas levam ao pior prognóstico em pacientes acometidos pela Covid-19.

“As recomendações da OMS para indivíduos saudáveis e assintomáticos são de no mínimo 150 minutos de atividade física por semana para adultos e 300 minutos de atividade física por semana para crianças e adolescentes. Esse tempo de atividade física deve ser acumulado durante os dias da semana, podendo ser dividido de acordo com sua rotina”, fala o diretor de Promoção de Saúde da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), José Francisco Kerr Saraiva.

Ele esclarece, e reitera, que a prática de atividade física compreende qualquer atividade motora que resulte em um gasto energético acima dos níveis de repouso, ao passo que a prática sistematizada, devidamente elaborada e prescrita considerando variáveis de treinamento visando objetivos específicos é denominada exercício físico. Assim, enfatiza-se que ambas atitudes são de fundamental importância para esse período de isolamento social.

“As evidências são claras. O sedentarismo tem impacto negativo sobre a saúde, portanto, apesar de não sair de casa, é fundamental que todos realizem atividade física no ambiente domiciliar. Deve-se buscar que as atividades físicas sejam integradas ao cotidiano e que sejam prazerosas. Tais medidas são essenciais e de grande contribuição para a saúde física e mental, auxiliando na prevenção à Covid-19 e suas consequências”, alerta Saraiva.

Veja algumas recomendações para manter-se ativo, mesmo durante a pandemia:

  • Opte por praticar atividades físicas em sua casa ao invés de sair para espaços compartilhados, como academia;

  • As atividades de vida diária são excelentes alternativas para manter uma rotina fisicamente ativa. Varrer a casa, passar pano no chão, arrumar o jardim, horta ou quintal, lavar louça, arrumar armários, pequenas reformas etc.;

  • Na ausência de acessórios para execução de exercícios físicos resistidos (de força), utilize o peso corporal ou adapte utensílios diversos, por exemplo, garrafas pet para simular halteres;

  • Reserve momentos para alongamento e relaxamento. Isso poderá ajudar no combate ao estresse e ansiedade decorrente do isolamento domiciliar;

  • Evite permanecer por longos períodos sentado, deitado, ou utilizando dispositivos eletrônicos. Busque intercalar momentos de inatividade física com momentos fisicamente ativos;

  • Reforce a atenção para que seus filhos não tenham comportamento sedentário. Tire as crianças e adolescentes do sofá e da frente das telas e convide-as para brincar e se exercitar. Integre seus filhos nas atividades domésticas cotidianas de sua casa.

Exercícios com segurança

No fim de 2020, a SBC e a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) lançaram a primeira diretriz sobre o retorno aos exercícios com segurança por pessoas que foram acometidas pela Covid-19.

“O que motivou a elaboração do documento foi o relato de problemas cardíacos em pacientes assintomáticos. Já sabíamos que o coração pode ser acometido em casos de viroses, porque os vírus podem inflamá-lo. Com Covid, acontece em frequência maior na literatura internacional e é mais comum no indivíduo que teve quadro grave. Um trabalho alemão estudou 100 pacientes após 70 dias de recuperação e 70% tinham alguma alteração no exame de ressonância magnética cardíaca”, explicou a presidente do Grupo de Estudos de Cardiologia do Esporte da SBC e coordenadora da diretriz, Cléa Simone Colombo.

Conscientização

Em homenagem ao Dia Mundial da Atividade Física, o Comitê da Criança e do Adolescente da SBC, em parceria com o Grupo Maurício de Sousa Produções, desenvolveu um material gráfico com dicas para conscientizar, de forma lúdica, crianças e adolescentes, sobre a importância de hábitos mais saudáveis. As redes sociais da SBC e da Turma da Mônica divulgarão o conteúdo no dia 6 de abril.

Entre outros, o material destaca que o primeiro ponto importante a saber é que qualquer movimento do corpo, fazendo as tarefas do dia a dia, brincando, praticando um esporte ou mesmo trabalhando, pode ser considerado uma atividade física e faz muito bem para o seu coração e para a mente.

Crianças e adolescentes devem realizar pelo menos uma hora de atividade física por dia. Quem conseguir fazer mais, garantirá benefícios ainda maiores para o próprio corpo e se sentirá mais disposto e feliz.

Outras dicas são: buscar um local seguro para a prática de atividade física, evitando acidentes; respeitar as necessidades do corpo, bebendo água e fazendo refeições saudáveis; conversar com um profissional de saúde caso tenha algum desconforto durante a prática de exercícios e manter o uso dos medicamentos prescritos por seu médico.

Fonte: SBC

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